Álbum foi criado depois que ela se tomou de amores pelos brasileiros. Nomes de ponta da MPB contemporânea participaram do novo trabalho
“Nem tão só e muito bem acompanhada.” Esse poderia ser o lema de Chiara Civello. Em 7752, seu novo CD, o terceiro da carreira, ela descobre o prazer de compor em parceria, reúne músicos brasileiros e americanos e se apresenta ao público do Brasil por intermédio da cantora Ana Carolina.
Italiana radicada nos Estados Unidos, Chiara começou a carreira cedo, aos 18 anos, ao conseguir bolsa de estudos na Berklee College of Music, em Boston, Estados Unidos. Começou bem, pois a Berklee é a maior faculdade de música do mundo e a mais prestigiada do jazz. Lá se formaram artistas respeitados como Quincy Jones, Steve Vai e Diana Krall.
Na universidade, ela aprofundou os estudos em MPB. “O primeiro grande mestre que tive da língua portuguesa foi Tom Jobim”, conta. A italiana decorou muitas letras de Tom para depois entender o significado das palavras. Foi assim, ouvindo Tom, Milton Nascimento, João Gilberto e Chico Buarque, que ela aprendeu português, idioma que domina.
Chiara Civello passou férias especiais no Brasil
Ao terminar a faculdade, a romana Chiara se mudou para Nova York e conheceu Russ Titelman. Foi ele o produtor do disco Unplugged, de Eric Clapton, e da faixa Tears in heaven, vencedores do Grammy em 1993. Ao ouvir Chiara, Titelman sugeriu que ela fizesse um disco de composições próprias.
Em 2005, Titelman assinou a produção de Last quarter moon, o disco de estreia da cantora, que teve a participação de Burt Bacharach. Os dois foram parceiros em Trouble, uma das 12 faixas do álbum. Burt compôs os clássicos pop Dream sweet dreamer e I say a little pray for you.
O segundo disco de Chiara, The space between, foi lançado em setembro de 2007. Ela compôs as 13 faixas do trabalho. Em fevereiro de 2008, o namoro de Chiara acabou. Triste, ela resolveu ligar para um grande amigo, Daniel Jobim, neto de Tom. “Precisava loucamente sair de Nova York e ele fez aquele gentilíssimo convite. No dia seguinte, já estava embarcando para o Rio de Janeiro.”
Chiara já conhecia o Brasil, de uma rápida passagem por São Paulo, mas faltava a Cidade Maravilhosa. “A música brasileira estava dentro de mim há muito tempo. Sou apaixonada pelos artistas brasileiros e precisava conhecer o Rio”, conta ela.
A chegada foi produtiva. O primeiro encontro “físico” com a MPB se deu em um ensaio do Jobim Trio, na casa de Milton Nascimento. De lá, banda e Chiara foram para o sarau carioca Compositores unidos, onde a italiana foi apresentada aos futuros parceiros Ana Carolina, Dudu Falcão e Antonio Villeroy. “Era incrível, um monte de artistas do panorama contemporâneo que eu não conhecia”, relembra.
O violão passou de mão em mão até chegar a vez de Chiara. “Era encantador o fato de ser reunião social que não se limitava a festa de fofocas e coisas assim. Não sabia o que era sarau, estar com amigos fazendo uma coisa legal. Não importa quem é você, o violão vai chegar e será a sua vez de cantar”, ela lembra.
Novos amigos
• 7752 reúne, além dos músicos americanos que sempre tocaram com Chiara, os novos amigos brasileiros. Entre eles estão Jacques Morelenbaum, Domenico Lancelloti, Rica Amabis, Tejo Damasceno, Fernando Catatau, Alberto Continentino e Marcelo Jeneci.
• Também participam do disco o guitarrista Guilherme Monteiro e o percussionista Mauro Refosco, radicados nos Estados Unidos, que a acompanhavam em trabalhos anteriores. Apesar das influências, dos estudos e das novas amizades, não se trata de CD de jazz ou de pura brasilidade. É música pop cantada em italiano, com exceção de quatro faixas em inglês e do bônus em português para a versão brasileira do disco.
Por Thaís Pacheco - Estado de Minas
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